02 junho 2006

a concepção marxista da autora define e sustenta sua noção de ideologia, por isso essas duas instâncias não interagem no texto, são vistas como fixas, em duas instâncias distintas;
e se pensarmos que essa imagem não é apenas uma construção ideológica e que não haveria uma história real que ocorreria por trás dessa imagem?
se pensarmos que a própria história materialista, dos interesses econômicos, é parte dessa construção, sendo igualmente uma apropriação política?
Isso só nos interessa não por querermos tirar o chão materialista da história, por acreditar que não houveram eventos como os genocídios, etnocídios e escravismos, e sim por uma problema de método;
ao sustentar uma realidade de fato, escamoteada por detrás do discurso ideológico do estado, não estamos ainda na mesma dinâmica de interação entre ciência e política, conhecimento e poder;
por isso que, em latour, não é possível pensarmos as três críticas no mesmo nível; a dimensão dos discursos tem uma eficácia simbólica, ou melhor, tem um poder de desdobrar-se sobre si mesma que as demais instâncias não possuem;
isso define a agilidade de teorias que colocam como ponto de partida, inclusive o próprio latour e sua antropologia simétrica, o discurso, a metateoria;
o que é urgente aqui, no caso chauí, é apreender as duas dinâmicas de produção de saberes que se apresentam;
a primeira sustenta uma realidade empírica, acessível à dimensão discursiva, que traria para a história a tensão dos interesses sociais de classe: a história se constitui das construções simbólicas dos agentes sociais;
essa concepção ainda sustentaria característica da tríade cristianismo, iluminsimo, marxismo, atravessadas pela dinâmica transcendental do pensamento de tradição metafísica;
essa característica é aquela apresentada por latour da cisão entre física e metafísica, natureza e sociedade, natureza e cultura, ciência naturais e ciências humanas, saber e poder;
como vimos em latour, quanto maior foi o nosso ímpeto por separa as instâncias de natureza e cultura, e assim, fazer um discurso neutro, objetivo, universal sobre o homem, o que se deu foi o momento de maior apropriação político-ideológica do saber, das ciências humanas;
a segunda, de certa forma, institui-se no campo criado pela teoria dos discursos, campo em que se situa o próprio latour, em que se desdobram, enquanto dimensão crítica, enquanto instância discursiva estes campos: natureza, cultura, discursos;
há que se operar sobre esta zona intersticial em que tais instâncias entram em contato; o processo de desdobramento dos discursos sobre si, marcante no estruturalismo de lévi-strauss e em toda dimensão metateórica que caracteriza hoje a antropologia;


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