04 maio 2006


nossa operação tem buscado definir, tendo por base as experiências de elaboração de projetos monográficos, a especificidade ou o caráter antropológico intrínseco às nossas pesquisas;
todo trabalho possui caráter político: tem-se aqui a intenção de comprovar a antropologicidade de toda pesquisa em ciências sociais;
para tanto temos iniciado por distinguir o conteúdo da forma, definindo a antropologia por sua forma antes que por seu conteúdo; assim, antropologia não se define por estudar povos indígenas ou minorias;
em seguida operamos a distinção paradigmática, enfocada por lévi-strauss em etnologia e história, entre sociologia e antropologia;
a ruptura da antropologia com a sociologia indígena consiste na afirmação de sua especificidade, na opção epistemológica de operar com categorias nativas esboçando uma etnofilosofia;
operar e criar com o pensamento selvagem marca a ruptura com a tradição que enfoca o primitivo e sua sociedade como objetos de estudo;
esses elementos deixam de ser fim para se tornarem meios, meios com os quais o pesquisador reconstruirá um mundo um universo de sentido que buscará legitimar politicamente sua validade;
o que marca a tradição da sociologia indígena é a monologicidade de seu discurso, sua hermeticidade a vozes alheias vem marcada pelo hálito do homem ocidental universal, essa forma abstrata projetada na sociedade estudada: o eu-pesquisador;
outra marca dessa tradição é a busca de algo que já estaria nessa sociedade, uma hipótese ou uma lei que vai buscar sua confirmação na realidade: herança da tradição histórico transcendental do século XIX;
operar a legítima antropologia ou etnofilosofia é constituir um texto composto de uma plurivocidade, de uma polifonia, de uma pletora de vozes que desbancam a imagem do sujeito ocidental universal;
outro elemento constatado nessa construção é o princípio de que o sentido se constrói no texto, enquanto este se constitui; não se busca nada na realidade a não ser a experiência, pois o texto se constitui no processo, é o processo que lhe atribui sentido;
essa operação resulta de uma ruptura da imagem de subjetividade fechada que o sujeito ocidental vestiu em si; essa experiência resulta de uma concepção de subjetividade aberta, que privilegia o devir como princípio epistêmico;

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