19 maio 2006




Existe um quadro de Klee que se intitula Angelus Novus. Representa um anjo que parece preparar-se para se afastar do local em que se mantém imóvel. Os seus olhos estão escancarados, a boca está aberta, as asas desfraldadas. Tal é o aspecto que necessariamente deve ter o anjo da história. O seu rosto está voltado para o passado. Ali onde para nós parece haver uma cadeia de acontecimentos, ele vê apenas uma única e só catástrofe, que não pára de amontoar ruínas sobre ruínas e as lança a seus pés. Ele quereria ficar, despertar os mortos e reunir os vencidos. Mas do Paraíso sopra uma tempestade que se apodera das suas asas, e é tão forte que o anjo não é capaz de voltar a fechá-las. Esta tempestade impele-o incessantemente para o futuro ao qual volta as costas, enquanto diante dele e até ao céu se acumulam ruínas. Esta tempestade é aquilo que nós chamamos progresso.
(Benjamin, in Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política)

benjamin faz contribuição fundamental á antropologia do estruturalismo ao refletir sobre as virtualidades; também para ele, assim como em lévi-strauss, a problemática da representação e da arte tem caráter antropológico e filosófico; já contextualiza nessa epistéme as representações em larga escala ou cultura de massa;
pergunta ele: como pensar a história pós-fotografia, e a história pós-cinema; se essas técnicas recriaram a pintura, o que farão ao método histórico, impregnado de evolucionismo, confundido mesmo com ele? em suas teses sobre a história já não teoriza mais, senão põe em prática um método próprio ao acontecimento;
traz a reflexão com o tom trágico que se saboreia em seus últimos escritos; aqui a história é inscrita na pele; texto e acontecimento se interpenetram;
a ruptura proposta ao método histórico e todo o pensamento do século XIX, a caracterizada epistéme do séc.XIX, é obra desses pensadores; temos traçado nessa empreitada uma linha que perpassa as obras de nietzsche, mauss, benjamin, lévi-strauss;
o que define essa linha é essa ruptura com o pensamento transcendental do séc. XIX, conforme foi deflagrado por foucault, outro autor que parece aparecer na linha traçada;
em toda essa operação epistêmica consiste a obra-pensamento de foucault;
em deleuze de crítica e clínica encontra-se uma leitura nietzsche/lawrence; o anticristo e o apocalipse dos autores fornece material para a operação de deleuze; a operação consiste em problematizar as críticas ao pensamento escatológico que marca o pensamento metafísico ocidental e modela a epistéme até o século XIX, incluindo aí o materialismo histórico;

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