27 abril 2006


“o que é definido pela ordenação de 1766 não é um horário - um quadro geral para uma atividade; é mais que um ritmo coletivo e obrigatório, imposto do exterior; é um ‘programa’; ele realiza a elaboração do próprio ato; controla do interior seu desenrolar e suas fases.” (foucault: vigiar e punir:138)

ao abordar o problema do homem como o problema da previsibilidade, nietzsche acertava em cheio num problema e numa abordagem fecunda para a crítica do pensamento moderno;
do suplício do sistema de crueldades, até o ordenamento do tempo que marca o controle social da era industrial, o que se vê é o processo de instauração de dispositivos sociais de controle sobre o corpo humano, o biopoder, que conduz a confecção de subjetividades;
nietzsche entrecruza uma malha para traçar as linhas do caráter ocidental; o que lhe interessa no entanto é o modo como funciona, a forma dessa previsibilidade que possibilita o controle social;
nesse período, final do século XIX, a forma do sujeito ocidental já se impõe moralmente como modelo do ser humano civilizado sobre o império europeu;
o suplício a que o autor se refere não é histórico; é contra a configuração histórica do pensamento da época que ele se volta; de qualquer modo, o suplício lhe é também contemporâneo;
não busca traçar uma evolução do suplício; toma no suplício o contraponto da compaixão, visando demonstrar a compatibilidade de ambas no interior da moral cristã ocidental;
a crueldade opera numa economia piedosa das almas: a crueldade se justifica desde que seja reformadora, que seja empregada para tornar a vítima piedosa e converte-la à vontade divina, à docilidade;
o homem da promessa, o homem do compromisso, o homem consciente é o homem previsível; este homem tem sua ação delimitada por um raio, um campo de sentido, um universo de significação;

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