07 abril 2006


BRicOlaGe I

“Uma vez fizeram de um homem branco um Sacerdote do Arco. Ele estava lá fora com os outros Sacerdotes do Arco. Ele tinha linhas pretas sobre o seu corpo branco.
Os outros disseram suas rezas de dentro dos seus corações, mas ele leu a sua de um pedaço de papel.” (Andrew Peynetsa, índio Zuni, apud Tedlock apud Gnerre, 1985)



o problema e a contribuição do modelo bricolage é a disposição no tempo; romper com o modelo histórico transcendental do século XIX é romper com uma imagem do tempo, com um campo temporal onde se dispõe o conhecimento; como se qualquer conhecimento pudesse ser disposto na ordem linear, balizado de um começo e um fim; tanto Foucault como Deleuze, atribuem essa temporalidade ao esquema bíblico, à doutrina do juízo;
a ordem e os pressupostos temporais do método histórico, que visam comprovar as teorias com o real, com as experiências, vê no mundo, e faz dele, um grande laboratório;
a concepção com a qual se propõe reformular essa disposição temporal é a crítica do bricolage - essa disposição mitopoiética - à noção de projeto;
em um modelo o inteligível é o centro, busca sua comprovação na realidade por meio das experimentações, a teoria busca provas à realidade, se comprova, se confirma no sensível;
o outro parece dispor o tempo segundo uma natureza diversa, invocando o “acaso objetivo” dos surrealistas, segundo o qual a estrutura do conjunto e a do projeto se determinam mutuamente, escapando ao nosso rígido sistema temporal; nada melhor que a história do arqueiro zen para não nos perdermos nas abstrações: - é simples, primeiro eu lanço as fleche e, só então, pinto os alvos! ;
seu bricolage, segundo o autor, poderia ser definido pela fórmula: os significados se transformam em significantes, e vice-versa (1997:36); ecos de genealogia, sem dúvida;
há mais, porém: e aqui se dá a dobra que introduz, preparada pela distinção temporal, a agência: a poesia do bricolage lhe advém (...) de que ele “fala” através das coisas;

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