17 outubro 2005

o princípio antropológico


I – Invenção da normalidade
Devo me apresentar, para poder, assim, apresentar o meu trabalho. Em minha formação inicial estudei linguagem. Primeiro motivo para estar aqui. Em minha segunda formação, tenho estudado antropologia, segundo motivo.
Bom, suponho que a linguagem todos sabe do que se trata. Todos já estudamos pelo menos um pouco. Se não estudamos a língua portuguesa na escola ou a LIBRAS, somos falantes ou usuários de linguagens não-verbais que constituem nosso cotidiano em sociedade.
Quanto à antropologia, farei uma ligeira incursão sobre seus domínios para nos inteirarmos do que trata esta ciência. Certo que meu viés será marcado pelo domínio lingüístico.
Penso poder definir hoje a antropologia como a arte de falar pelo outro.
Para explicar essa definição vou propor um exercício ficcional de reconstituição histórica. Podemos imaginar os antigos viajantes como os antecessores da antropologia. Aqueles nômades mercenários seriam, assim, os primeiros a entrar em contato com o espírito da antropologia. Eram esses exploradores que faziam contato com terras desconhecidas e traziam notícias de povos de lugares distantes. Assim, a antropologia se associa, em seus primórdios, a certo nomadismo.
Em contato com as organizações dos impérios, reinos e estados, esses mercenários passaram a exercer uma função política primordial. Intermediavam povos e veiculavam informações sobre hábitos, crenças, línguas, poder bélico, riquezas etc.Note-se aqui que esses antigos exploradores de terras não-descobertas, não falavam apenas sobre esses outros, esses estranhos estrangeiros. Ao tomarem a palavra, esses primeiros diplomatas falavam por esses outros, no lugar deles.

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