09 setembro 2005

O corpo dissol...

O corpo como modelo teórico é similar ao corpo como laboratório do xamã. São diversos os recursos a serem explorados no intuito de acionar modelos pluridimensionais de criação e exploração de conhecimento. Segundo Dom Juan Matus, relutamos que possamos aprender em silêncio. O silêncio é prática fundamental da aprendizagem. A natureza do conhecimento é o silêncio. Definiu-se essa dimensão como conhecimento silencioso. O silêncio epistêmico homologa com o fogo. Práticas silenciosas são fundamentais à exploração de vivências corporais intensas. Elas operam como vetores, como aceleradores de processos. Estaremos nos próximos dias trabalhando com modelos sensíveis. Espécies de mapas que buscam captar dimensões sensíveis e dispô-las em superfícies. O material a ser utilizado deve variar, priorizando as experiências visuais e táteis simulando outros sentidos. Com essa experiência pretende-se colocar os sentidos em contato com dimensões sensíveis não refletidas até então. São raras as oportunidades de refletir, expermentar e recriar dimensões sensíveis, por isso aproveitaremos as aberturas que fizemos em nossos corpos vigiados ao longo desses primeiros meses para operar modificações e metamorfoses em nossa matéria essencial. Devemos nos situar em situações limite que nos possibilitem experiências extremas. Essas experiências dependem de nosso grau de suportância para adentrar, manipular, cortar, costurar, diluir, dissolver entre outras operações. Já se comentou o princípio dessa operação com o complexo de Ofélia. O complexo de Ofélia é utilizado entre as imagens da morte e do terror que compõem o universo iniciático de Bachelard. Ofélia caracteriza a operação de dissolução provocada pela prática da imaginação material rumo à imaginação dinâmica. Diluir-se no universo: esse é o princípio afirmado pelo narcisismo cósmico elaborado em A água e os sonhos.

(imagens Odilon Redon: Silence, Ophelia)


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