02 dezembro 2007


o agrônomo me perguntou: interessante, o antropólogo estuda o homem... mas e aí...
disse-lhe que via uma afinidade entre o trabalho do agrônomo e do antropólogo, pois o trabalho deste consiste em suprimir a instância teórica do projeto, sua instância pensada e projetiva, para fazer o projeto exigido por nossas instituições e nosso mercado de projetos;
ao invés de ver as instituições indígenas como excessivamente burocráticas devido à intensidade de participação, percebe-las como sociedades desburocratizadas cujo hábito da decisão coletiva as torna mais apropriadamente preparadas para o desenvolvimento de políticas públicas que um bairro com vereador, presidente de bairro e outras instâncias decisoras ou representantes;
a antropólogo consistiria no tradutor das instituições, levando os indígenas a tradução das instituições governamentais nas instituições locais (sem submeter as instituições locais às governamentais, o que a maior parte dos governamentais tom por programa para se valorar e valorar sua técnica no sistema de valores do assistencialismo, no qual eles se projetam como sábios super-técnicos, detentores de todo saber ou do saber todo poderoso);
assim, não quis polemizar que via por um lado que tanto antropólogo como agrônomo podem ser de estado segundo o opressivo programa de uma ciência régia, em que o saber popular é tomado dessa perspectiva, não podendo ser assumido como prática política de construção de realidades (atributo específico da ciência régia que opera com a referência representacionista, segundo a qual apenas a ciência régia e sua ontologia teriam valor);

fiz isso implicitamente, em minhas colocações sobre a relação do estado com a autonomia das comunidades, abordando explicitamente o operador assistencialismo;
a isso ele redargüiu com os lugares comuns do assistencialismo sem precisar pensar originalmente nos desdobramentos dessa instituição;

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