07 fevereiro 2007

sobre dizer e fazer: políticas e mercados da discursividade

sem querer fundamentar o discurso em verdades extraconceituais, que fingem ignorar os condicionamentos políticos e s pressupostos epistêmicos da produção de conhecimento, em valores humanos ideais (os mesmos em franco descompasso com o que define o humano demasiado humano da humanidade nessa chave saber/poder);
deve-se estudar o estatuto da produção de conhecimento concentrando-se em pontos cuja genealogia os torna inadmissíveis, ou melhor, incompatíveis com outros planos;

as tradições do positivismo, com sua tradicional associação entre saber e poder, entre ciência e mercado, a qual constitui traço definitivo da era industrial, definem nossas concepções sobre o nosso pensamento e o pensamento alheio: todas pautadas por nossos critérios e pressupostos;

constituir um circuito global para integrar todas as formas de saber, mediadas pelo mercado;
tal circuito comercial se constitui numa submissão política, e, por extensão, religiosa, de pensamentos que retornam de seu ostracismo (não se sabem se são eles dadas as proliferações de seus hologramas) sob a tarja de saberes locais ou conhecimentos tradicionais;
no âmbito do discurso que instaura tal circuito e põe a circular tais mercadorias (mercado discursivo dos direitos, mercado discursivo das políticas públicas, mercado discursivo das agências (ongs) etc) nesse mercado global do discursos, sob tal sistema de apropriação de discursos, essas outras vozes se apresentam digamos, para usar um termo técnico, amansadas;
sua postura política não é a da máquina de guerra, mas a da apropriação de discursos para um circuito pré-definido politicamente em termos de mercado;
o que se disser, automaticamente se transforma em produto, em mercadoria a circular, a ser posta em circulação;
corre-se o risco de se tentar apropriar e ser apropriado, a máquina é rápida e penetra, apropria todos os tipos de discursos;
o discurso antropológico se constitui no seio dessa máquina de apropriação, a partir das técnicas de roubo de almas, de doutrinação;
opera com o mesmo plano conceitual, com o mesmo plano de imanência, ou melhor, de transcendência da máquina religiosa até contrapor-se ao pensamento selvagem;
é assim quando a antropologia concebe o pensamento amansado, espécie de contraponto ao pensamento selvagem que serve de máquina de guerra, na construção de um pensamento que se constitui a partir de uma outra imagem do saber;
essa imagem do saber outra, rompe com o plano de transcendência que sustenta uma concepção sem teor político, sem pressupostos políticos, e, por isso mesmo, politicamente instrumentalizada;
essa imagem do saber define seus pressupostos políticos em termos de plano de imanência, do instrumental de construção de conhecimentos;


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